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Já falamos anteriormente sobre a reserva cognitiva, mas vamos recordar um pouquinho. A reserva cognitiva é a capacidade do cérebro de compensar lesões e resistir ao declínio cognitivo, mantendo suas funções mesmo diante de doenças neurodegenerativas. Esse conceito sugere que diferenças individuais no processamento neural permitem que algumas pessoas lidem melhor com patologias neurológicas. A reserva cognitiva é desenvolvida ao longo da vida por meio de atividades como leitura, estudos e trabalhos que exigem alta demanda cognitiva. Quanto maior o envolvimento intelectual, maior a proteção do cérebro contra o envelhecimento e lesões. Educação e experiências enriquecedoras fortalecem essa reserva, contribuindo para um melhor funcionamento cognitivo a longo prazo.
Vamos entender como a reserva cognitiva funciona? O cérebro é composto por milhões de neurônios e células gliais e está envolvido em uma ampla variedade de processos, desde funções motoras básicas até processos complexos, como linguagem, memória, processo atencional, função executiva e abstração. Quando aprendemos algo novo, novas conexões são formadas, e estas podem compensar a perda funcional que ocorrer com o tempo. Nosso cérebro é capaz de se adaptar e mudar em resposta a novas experiências, esta habilidade se chama plasticidade neuronal, e ela é fundamental para a formação de novas sinapses e para fortalecer aquelas que já existem. Níveis mais altos de educação e um estilo de vida ativo cognitivamente estão associados a uma maior reserva cognitiva, proporcionando um “estoque” de habilidades e conhecimentos que podem ser utilizados em situações desafiadoras.
O nosso cérebro tem à capacidade de se reorganizar ao longo da vida. Quando uma pessoa se envolve em atividade intelectual, as sinapses (conexões entre neurônios) são estimuladas, levando à formação de novas sinapses e ao fortalecimento das existentes. Mais especificamente, ao aprender algo novo, o cérebro forma novas conexões entre os neurônios, essa criação de novas sinapses é essencial para aumentar a reserva cognitiva. Logo, as atividades que são repetidas ou praticadas, como tocar um instrumento ou resolver um quebra-cabeça, ajudam a fortalecer as conexões neuronais já existentes, tornando-as mais eficientes.
As redes neurais se distribuem em diferentes áreas do cérebro, e estas se comunicam entre si; atividades cognitivas e sociais requerem várias áreas do cérebro que interagem em tarefas complexas, aumentando a flexibilidade e a adaptabilidade. Se uma área do cérebro falhar (devido a doenças ou lesões), outras áreas podem compensar a perda, mantendo a função cognitiva.
A seguir veremos algumas estratégias e atividades para desenvolver a reserva cognitiva:
- Aprendizado de uma nova habilidade ou idioma: Aprender a tocar um instrumento musical ou uma nova língua, são atividades estimulam a formação de novas sinapses e aumenta a plasticidade neuronal, melhorando a capacidade de adaptabilidade do cérebro.
- Jogos de estratégia e quebra-cabeças: Jogos como xadrez, sudoku ou palavras cruzadas, são atividades que requerem raciocínio lógico, estratégia e atenção, engajando diferentes áreas do cérebro.
- Atividade física regular: Praticar exercícios aeróbicos, dança, luta, academia etc., aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro, promovendo a neurogênese (formação de novos neurônios) e a liberação de neurotrofinas (proteínas que suportam a sobrevivência, funcionalidade e desenvolvimento de neurônios).
- Socialização: Participar de grupos, clubes de leitura ou ter conversas significativas é importante, pois, a interação social estimula áreas do cérebro relacionadas à empatia, linguagem e emoções, ajudando a manter a agilidade mental e promovendo um estado emocional regulado.
- Mindfulness e meditação: Praticar meditação, respiração consciente ou yoga, esta associado a um aumento da espessura do córtex pré-frontal e à melhora da conexão entre diferentes regiões do cérebro, que podem fortalecer a capacidade de lidar com o estresse e melhorar a atenção.
- Leitura regular: Ler livros de diversos gêneros ou tópicos desafia a imaginação e a interpretação, promovendo a ativação de áreas cerebrais envolvidas na linguagem e na visualização, além de melhorar vocabulário e habilidades de pensamento crítico.
Portanto, investir em atividades que promovam a reserva cognitiva pode ter um impacto significativo na qualidade de vida ao longo do envelhecimento. Essas práticas, ao estimular a plasticidade cerebral, a formação de novas conexões neurais e a manutenção da saúde cerebral, ajudam a construir uma base sólida que resiste aos desafios cognitivos da vida.
REFERÊNCIAS
BBC News Brasil. Como o cérebro cria memórias falsas e por que isso pode ser bom para você. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61284871.
Amer Cavalheiro Hamdan, Luísa Teixeira dos Santos. Reserva cognitiva e envelhecimento bem-sucedido: uma revisão integrativa da literatura. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.5976
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