Autor: Sabrina Sasso Nobre
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No transtorno afetivo bipolar, cerca de 70% das pessoas manifestam seus sintomas antes dos 25 anos de idade. O diagnóstico é feito por uma avaliação clínica ampla e complementada, quando for necessário, com informações de terceiros. É importante fazer o diagnóstico correto, pois muitos dos sintomas em fase de mania, hipomania e depressão podem ser confundidos com outros transtornos. Alguns sintomas incluem agitação, raiva-irritabilidade, distração, impulsividade, instabilidade afetiva, ansiedade, desorganização cognitiva, depressão e psicose.

Muitas vezes o tratamento medicamentoso sozinho não é suficiente para que o paciente desenvolva uma maneira de funcionar na sua vida cotidiana, por isso a necessidade de um trabalho multidisciplinar. Através da psicoterapia, o sujeito pode construir estratégias e ferramentas para contribuir com a sua recuperação, um dos principais objetivos da psicoterapia no tratamento de TAB se baseia na gestão dos riscos associados a ocorrência e recorrência dos episódios, assim como a diminuição dos prejuízos na qualidade de vida em geral.

A psicoterapia para o TAB é opcional, no entanto, extremamente eficaz para paciente evitar recaídas, isso é feito através da psicoeducação. Ela também poderá ajudar com o manejo adequado com a família, estresse, problemas sociais, alterações em ritmos biológicos e abuso de substâncias.  É importante lembrar que, aprender sobre o seu transtorno e tratamento, são sempre ótimos recursos que colaboram para a qualidade de vida.

Os objetivos terapêuticos do transtorno bipolar incluem a prevenção e tratamento da hipomania, mania e depressão, redução de sintomas depressivos, normalização dos padrões de sono (ciclo circadiano) melhora e preservação da função cognitiva e redução de tendência suicida, tudo para o paciente ter os melhores resultados e consequentemente melhora da qualidade de sua vida.

O processo psicoterapêutico colabora com a percepção do paciente sobre seu transtorno, ajudando este a perceber o que é sintoma da doença e o que ele mesmo, ajuda este compreender melhor a si mesmo e as outras pessoas, a lidar com as dificuldades, desenvolver estratégias para lidar com os medos e insegurança, aprender identificar os novos episódios, auxilia na construção de recursos para lidar com os episódios e ansiedade, depressão e mania.

O transtorno Bipolar apresenta manifestações variáveis e o trajeto a ser percorrido pelo paciente é longo e muitas vezes extremamente desgastante, e a psicoterapia tem um papel crucial no tratamento, colaborando para que o trajeto não seja tão doloroso e solitário.

McIntyre, Roger et al. Bipolar Disorders. Revista Science, 2020.

Moreno, Ricardo et al. Aprendendo a viver com o transtorno bipolar: Manual Educativo. Porto Alegre: Artmed, 2015