Autor: Sabrina Sasso Nobre
Últimos posts por Autor: Sabrina Sasso Nobre (exibir todos)

A teoria dos esquemas de personalidade representa uma abordagem psicológica que direciona sua atenção à função dos esquemas cognitivos no processo de construção da personalidade e na manifestação do comportamento humano. Esta teoria, predominantemente concebida por Jeffrey Young, se alicerça em teorias  precedentes.

A teoria dos esquemas de personalidade propõe que os indivíduos desenvolvam esquemas cognitivos ao longo do curso de suas experiências de vida, sobretudo desde a infância, os quais exercem influência determinante na configuração de sua percepção do mundo e na orientação de suas respostas a estímulos ambientais. Estes esquemas representam estruturas mentais que armazenam informações relativas a si mesmo, ao outro, e ao ambiente circundante.

Os esquemas podem ser compreendidos como instâncias responsáveis pela elaboração de processos de informação. O cerne de sua origem está associado a necessidades emocionais fundamentais, experiências vivenciadas em estágios iniciais da vida e temperamento. Cumpre destacar que esses esquemas são desenvolvidos ao longo da trajetória de cada individuo, frequentemente assumindo a caracterização de esquemas disfuncionais.

Os esquemas de personalidade desempenham um papel preponderante na conformação da personalidade e no direcionamento do comportamento humano. Quando ativados, exercem influência no pensamento, nas respostas emocionais e no comportamento do indivíduo. Um exemplo ilustrativo consiste na propensão de uma pessoa que apresenta um esquema de abandono a experienciar sentimentos de solidão e ansiedade nos relacionamentos interpessoais.

A terapia fundamentada na teoria dos esquemas de personalidade tem por finalidade identificar e retificar os esquemas disfuncionais, com o intuito de aprimorar o bem-estar e a funcionalidade psicológica do sujeito. Este processo terapêutico implica na exploração das raízes de tais esquemas, no desenvolvimento de estratégias para confronta-los e na promoção de esquemas de caráter mais saudável.

Constitui relevante observação que a teoria dos esquemas de personalidade se apresenta como uma vertente específica na psicologia, não esgotando as opções teóricas no domínio da personalidade. Seu enfoque se concentra primordialmente em questões pertinentes à psicopatologia e ao tratamento psicológico, representando uma ferramenta valiosa para a compreensão e a intervenção nos problemas psicológicos associados a esquemas cognitivos disfuncionais.

Abaixo estão alguns dos principais esquemas de personalidade de acordo com a teoria de Jeffrey Young:

  1. Abandono: Esse esquema envolve um medo profundo de ser abandonado ou deixado sozinho. Pessoas com esse esquema muitas vezes buscam desesperadamente a aprovação e a companhia dos outros.
  2. Desconfiança: Indivíduos com esse esquema tendem a acreditar que os outros são desonestos ou que vão prejudicá-los de alguma forma. Isso pode levar a relacionamentos difíceis e a um alto nível de vigilância.
  3. Vulnerabilidade ao Dano ou Doença: Esse esquema envolve uma preocupação excessiva com a própria saúde e segurança. Pessoas com esse esquema podem ser hipervigilantes em relação a potenciais ameaças.
  4. Autossacrifício: Pessoas com esse esquema têm uma tendência a colocar as necessidades dos outros acima das suas. Isso pode levar a um sentimento crônico de ser explorado ou negligenciado.
  5. Subjugação: Nesse esquema, os indivíduos tendem a se submeter às vontades dos outros para evitar conflitos ou rejeição. Isso pode resultar em uma sensação de falta de autonomia.
  6. Negativismo/Pessimismo: Isso envolve uma tendência a ver o mundo de forma negativa e esperar o pior em diversas situações.
  7. Punitividade: Nesse esquema, as pessoas tendem a se sentir inclinadas a punir a si mesmas ou aos outros quando percebem erros ou imperfeições.

Esses são apenas alguns exemplos dos esquemas de personalidade identificados por Jeffrey Young em sua teoria. Cada pessoa pode ter uma combinação única de esquemas, e a terapia baseada nessa abordagem visa identificar e modificar esses esquemas disfuncionais para melhorar o bem-estar e o funcionamento psicológico.

Referencias:

Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2003). “Schema Therapy: A Practitioner’s Guide.” Guilford Press.

Arntz, A., & van Genderen, H. (2009). “Schema Therapy for Borderline Personality Disorder.” Wiley.

Lobbestael, J., Van Vreeswijk, M. F., & Arntz, A. (2008). “An empirical test of schema mode conceptualizations in personality disorders.” Behaviour Research and Therapy, 46(7), 854-860.

Wainer, R., Paim, K.,  Erdos, R., Andriola, R. (2015). Terapia Cognitiva Focada em Esquemas. Brasil: Artmed Editora.