Autor: Sabrina Sasso Nobre
Últimos posts por Autor: Sabrina Sasso Nobre (exibir todos)

A linguagem é o principal instrumento de comunicação dos seres humanos, é o nosso meio preferido, quiçá obrigatório, para expressar aspirações, pensamentos e emoções. Ao construir uma narrativa não nos referimos somente a um relato líquido sobre nossa rotina, mas sim, instituímos uma estrutura, uma construção que envolve aquilo que experimentamos e a maneira como interpretamos (atribuíndo sentido e significado) a cada vivência.

No entanto, algumas pessoas apresentam dificuldade ao utilizar esta habilidade, e muitas vezes, comprometimentos na organização do discurso e na conexão das palavras podem ser decorrentes de alguns transtornos psiquiátricos subjacentes, como por exemplo, a esquizofrenia e a bipolaridade.

Você pode imaginar como seria difícil se não conseguisse relatar com clareza e de uma maneira estruturada aquilo que deseja expressar? Se as pessoas não conseguissem compreender o que você deseja comunicar?

Um indivíduo acometido por uma patologia, muitas vezes, não consegue se expressar com clareza, e isso ocorre porque a nossa organização mental é expressa pela fala, portanto, uma pessoa que apresenta sintomas que denotam desorganização mental, provavelmente, vai apresentar uma narrativa fragmentada ou confusa.

A seguir, será discutido alguns distúrbios da fala relacionadas a transtornos psiquiátricos.

Vale ressaltar que, para diferenciar fala patológica de não patológicas é interessante analisar a construção não semântica da fala, avaliando o nível de conexão no curso das palavras durante a narrativa. Por exemplo, é possível observar a deterioração do discurso durante o aparecimento de sintomas psicóticos, o que permite, antecipar o início do tratamento antes da crise ser instaurada.

  • Discurso desorganizado– é uma mudança na fala do paciente caracterizado por uma desconexão de ideias entre um tópico e outro, ou respostas que não tem relação com as perguntas. Ao identificar a presença de um discurso desorganizado, deve-se ver qual transtorno mental foi responsável por esse distúrbio, ele também é muito comum quando o indivíduo está sob o uso de substâncias, por isso a importância de uma avaliação correta com um profissional qualificado e a construção de um diagnóstico diferencial.
  • Prejuízo na produção da fala- pode estar relacionado a dificuldades com aquisição e o uso da linguagem, comprometendo a capacidade para expressar palavras de forma compreensíveis e produzir um discurso fluente.
  • Discurso incomum– pouca capacidade de compreensão e na adoção de regras de comunicação verbal, fala lenta, repetitiva e estereotipada.

Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2019.

Manual de diagnóstico diferencial do DSM-5 [recurso  eletrônico]/ Michael B. First; tradução: Fernando de  Siqueira Rodrigues; revisão técnica: Gustavo Schestatsky. –  Porto Alegre: Artmed, 2015.  Editado como livro impresso