- Quando a perda de memória é preocupante? - 28 de abril de 2025
- INSÔNIA E TRAÇOS DE PERSONALIDADE - 28 de abril de 2025
- DISPONIBILIDADE EMOCIONAL - 11 de abril de 2025
No final dos anos 60 a Organização das Nações Unidas indicou o comportamento suicida como multifatorial, multideterminado e transacional e na década de 90 o suicídio começa as ser visto como um problema de saúde pública. No entanto, ainda hoje, o tema envolve tabus e medos, o que muitas vezes dificulta a procura por ajuda. O comportamento suicida é um fenômeno muito complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes e idades.
Hoje, iremos abordar um conceito relacionado ao comportamento suicida que é pouco discutido, a cronicidade do suicídio.
Algumas hipóteses teóricas sustentam que alguns indivíduos apresentam um aspecto crônico do comportamento suicida, essa cronicidade refere-se a padrões persistentes e recorrentes de pensamentos, emoções e ações que podem levar a um risco aumentado de tentativas de suicídio ou de prejudicar a própria saúde e/ou integridade física.
Estes aspectos podem envolver uma propensão persistente de pensamentos suicidas, planejamento, autolesão e comportamentos autodestrutivos; e podem estar associados a transtornos mentais como a depressão, transtorno bipolar, transtornos de personalidade e outros. Fatores como isolamento social, falta de apoio emocional e experiências traumáticas também podem contribuir para a persistência desses aspectos.
Podemos considerar os aspectos crônicos do suicídio como uma autodestruição progressiva, que também, pode estar correlacionado ao uso abusivo de substâncias como alguns medicamentos, álcool ou drogas. É importante ressaltar que a cronicidade do suicídio indica que a pessoa está vivenciando pensamentos, impulsos ou comportamentos suicidas por um período estendido, possivelmente anos, em vez de ser uma experiência temporária.
Existem várias razões pelas quais alguns indivíduos podem apresentar aspectos crônicos do suicídio, entre elas estão:
- Transtornos mentais como depressão grave, transtorno bipolar ou transtorno de personalidade borderline, podem resultar em uma luta constante contra pensamentos e impulsos suicidas.
- A falta de acesso a tratamento adequado, a falta de resposta ao tratamento ou a inadequação do tratamento disponível podem contribuir.
- Alguns indivíduos podem experimentar períodos de melhoria seguidos por recaídas, em que os pensamentos suicidas voltam a dominar. Essa flutuação pode prolongar a crise suicida.
- A ausência de uma rede de apoio emocional, amigos, familiares ou profissionais de saúde mental que compreendam e apoiem pode fazer com que a pessoa se sinta ainda mais isolada e incapaz de lidar com seus sentimentos.
- A sensação de desesperança, combinada com uma percepção de que as coisas nunca vão melhorar, pode levar a uma persistência dos pensamentos suicidas.
- Experiências traumáticas, como abuso, violência ou perda significativa, podem influenciar negativamente a saúde mental e contribuir para a crise suicida contínua.
- Fatores genéticos, desequilíbrios químicos no cérebro e outras questões biológicas podem desempenhar um papel na persistência da crise suicida.
- O estigma associado à saúde mental e ao suicídio pode fazer com que as pessoas evitem buscar ajuda, prolongando a crise.
- Alguns indivíduos podem não ter desenvolvido ou aprendido estratégias eficazes de enfrentamento para lidar com o sofrimento emocional.
É importante notar que cada pessoa é única, e os fatores que contribuem para uma crise suicida duradoura podem variar. A ajuda profissional é fundamental nesses casos. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando uma crise suicida, é importante buscar apoio de profissionais de saúde mental, psicoterapeutas e organizações especializadas em prevenção ao suicídio.
O acompanhamento de uma equipe multiprofissional da área da saúde se torna essencial nesse processo, sempre que necessário, procure ajuda!
Referência:
EDITH RAMOS. Anatomia do suicídio. 1974.
Deixe seu comentário