Autor: Sabrina Sasso Nobre
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Hipócrates, o renomado médico grego do século V a.C., é notável por ter sistematizado a teoria dos quatro temperamentos, os quais concebia como intrinsecamente ligados aos humores corporais, influenciando as emoções e os comportamentos humanos. Na perspectiva da saúde da Antiguidade, o equilíbrio desses humores era de importância fundamental. Essa teoria postulava que as distinções na personalidade e no comportamento podiam ser explicadas a partir de quatro tipos de temperamentos, cada um deles moldado pela predominância de fluidos corporais específicos, os denominados “humores”. Os quatro temperamentos de Hipócrates são os seguintes:

  1. Sanguíneo: Os indivíduos de temperamento sanguíneo são frequentemente caracterizados como otimistas, sociáveis, entusiastas e extrovertidos. Este temperamento é intrinsecamente associado à predominância do sangue, refletindo traços de personalidade relacionados à extroversão, comunicação eficaz e abertura à experimentação.
  2. Fleumático: Pessoas de temperamento fleumático são percebidas como calmas, tranquilas, racionais, coerentes, pacientes e introvertidas. Este temperamento está intimamente ligado à predominância da bile negra, sendo os fleumáticos frequentemente descritos como indivíduos equilibrados, com uma disposição emocional estável.
  3. Colérico: O temperamento colérico é caracterizado por irritabilidade, impulsividade, raiva e agressividade. Esses indivíduos são reconhecidos por sua natureza impulsiva, determinação e traços extrovertidos. Essa disposição está associada principalmente à predominância da bile amarela e, frequentemente, é acompanhada de características de liderança natural, competitividade e ambição.
  4. Melancólico: O temperamento melancólico é frequentemente descrito como reflexivo, introspectivo e inclinado à tristeza e melancolia. Esse temperamento é relacionado ao excesso de bile negra e historicamente foi associado a profissões artísticas, intelectuais e religiosas. Os indivíduos melancólicos são frequentemente vistos como os mais brilhantes e sensíveis da sociedade.

Importante destacar que, na psicologia contemporânea, essa teoria é considerada simplista e superada. No entanto, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento das teorias de personalidade e exerceu uma influência marcante no campo da psicologia. Atualmente, a compreensão da personalidade é fundamentada em abordagens mais complexas e em pesquisas científicas, como os modelos de traços de personalidade.

Referências:

Botega, Neury. A tristeza transforma, a depressão paralisa: um guia para pacientes e familiares. São Paulo: Benvirá, 2018.

O livro da psicologia. São Paulo: Globo Livros, 2016.