Autor: Sabrina Sasso Nobre
Últimos posts por Autor: Sabrina Sasso Nobre (exibir todos)

Pacientes refratários são aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais, sejam eles psicoterapêuticos ou medicamentosos, e que mantêm sintomas persistentes apesar de múltiplas abordagens terapêuticas. Na psiquiatria, a depressão resistente pode ser diagnosticada quando não há resposta a pelo menos duas classes diferentes de antidepressivos, utilizados em doses adequadas por um período mínimo de dois meses. Um estudo realizado na América Latina revelou que 30% dos pacientes com depressão apresentam a forma refratária, sendo a prevalência no Brasil de 40,4%. Esses casos representam desafios significativos, muitas vezes influenciados por variáveis complexas que dificultam o alcance dos objetivos terapêuticos.

A resistência ao tratamento pode ser atribuída a uma série de fatores, que incluem:

-Complexidade da Hipótese Diagnóstica: Os transtornos mentais frequentemente coexistem, e essa comorbidade pode dificultar o tratamento. Por exemplo, a presença de um transtorno de ansiedade em conjunto com um transtorno depressivo pode complicar a resposta ao tratamento; ou um transtorno de personalidade associado a um transtorno de humor pode tornar o tratamento ainda mais desafiador.

– Fatores Biológicos: Cada paciente possui uma neurobiologia única que pode influenciar a eficácia dos medicamentos e das intervenções psicoterapêuticas. Isso inclui diferenças genéticas, bioquímicas ou até mesmo alterações estruturais no cérebro.

– Aspectos Psicológicos e Comportamentais: A falta de adesão ao tratamento, crenças culturais sobre saúde mental ou experiências passadas negativas com profissionais de saúde podem impactar a disposição do paciente em seguir as recomendações propostas.

– Ambiente Social: Fatores externos, como suporte social insuficiente, estigma ou situações de vida estressantes, também podem contribuir para a resistência ao tratamento.

Pacientes refratários podem apresentar uma variedade de sintomas persistentes e debilitantes, tais como:

– Depressão intensa e prolongada

– Ansiedade severa ou ataques de pânico

– Alterações significativas de humor

– Dificuldades cognitivas, como problemas de concentração e memória

– Comportamentos autodestrutivos ou suicidas

– Insônia ou hipersonia

– Sintomas psicóticos, em casos mais graves

O tratamento de pacientes refratários exige uma abordagem multifacetada e individualizada, considerando as diversas causas subjacentes da resistência ao tratamento. É essencial implementar estratégias que contemplem não apenas o uso de medicamentos e psicoterapia convencional, mas também abordagens complementares, como terapias alternativas, intervenções psicossociais, e práticas de autocuidado.

Pode ser benéfico envolver uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais da saúde, para colaborar na construção de estratégias novas e adaptativas que atendam às necessidades específicas de cada paciente. Essa colaboração visa não apenas melhorar a eficácia do tratamento, mas também promover a qualidade de vida do paciente, ajudando-o a recuperar sua autonomia e bem-estar emocional.

Além disso, o apoio familiar e comunitário é fundamental para oferecer um ambiente seguro e encorajador, facilitando a adesão ao tratamento e reduzindo o impacto do estigma associado aos transtornos mentais. A educação sobre saúde mental e a promoção de um diálogo aberto são passos cruciais para construir um espaço onde os pacientes se sintam acolhidos e compreendidos, facilitando assim sua jornada de recuperação.

REFERÊNCIAS

Witter, G. P.. (2011). Terapia de casos refratários. Psico-usf, 16(3), 391–392. https://doi.org/10.1590/S1413-82712011000300015

Drauzio Varella. (n.d.). Depressão refratária: O que fazer quando a doença resiste ao tratamento? Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/depressao-refrataria-o-que-fazer-quando-a-doenca-resiste-ao-tratamento/