Autor: Sabrina Sasso Nobre
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O transtorno de personalidade anti-social (TPA) também conhecido como sociopatia ou transtorno dissocial, é caracterizado por um prejuízo psicológico significativo, ele pode começar na infância e adolescência, no entanto, o diagnóstico só é possível ser confirmado após os 18 anos, pois, na construção de hipótese diagnóstica os sintomas precisam ser  considerados estáveis e persistentes ao longo do tempo, e é difícil determinar se os comportamentos observados na infância serão indicativos do desenvolvimento do transtorno na idade adulta. No entanto, alguns padrões de comportamento na infância podem ser considerados sinais de alerta para um possível risco futuro de desenvolver TPA, por exemplo: transtorno de conduta (comportamentos repetitivos e persistentes de desrespeito aos direitos básicos dos outros, regras sociais, normas, podem exibir agressão física, intimidação, crueldade com animais e destruição de propriedade, entre outros comportamentos), transtorno desafiador opositivo (padrão de comportamento hostil, desafiador e desobediente em relação a figuras de autoridade, como pais, professores ou outras figuras de referência)  ou comportamento antissocial na infância (comportamentos persistentes de desrespeito aos direitos dos outros, mentiras, manipulação, falta de empatia e indiferença aos sentimentos alheios).

É importante observar que nem todas as crianças que apresentam esses comportamentos desenvolverão um TPA na idade adulta. Muitos fatores podem influenciar o desenvolvimento de um transtorno de personalidade, incluindo genética, ambiente familiar e experiências vivenciadas ao longo da vida.

O TPA é regido por comportamentos socialmente mal adaptativos. Os indivíduos acometidos tendem a apresentar comportamentos manipuladores, falta de empatia, desconsideração pelas normas sociais e frequentemente envolvem-se em comportamentos criminosos ou prejudiciais, também podem demonstrar comportamento irresponsável, falta de interesse e preocupação com o outro, ausência de remorso, mentir repetidas vezes, propensão para enganar, impulsividade, superficialidade nas relações, irritabilidade, agressividade. O transtorno tem prevalência de 1,7% da população em geral, sendo mais comum em homens.

Geralmente indivíduos antissociais apresentam dificuldade para manter relações que requerem fidelidade, honestidade ou confiabilidade, embora, não haja dificuldade para estabelecê-las. São capazes de seduzir, lograr e explorar os outros, alguns, não todos, sentem um prazer em fazer o mal.

É importante observar que a construção de uma hipótese diagnóstica de transtorno de personalidade anti-social não deve ser feita apenas com base em um único comportamento, além disso, os padrões de comportamento precisam ser persistentes e estar presente desde a adolescência ou início da idade adulta.

O tratamento pode incluir psicoterapia e tratamento psicofarmacológico, no entanto, o tratamento para o transtorno de personalidade antissocial costuma ser desafiador, pois as pessoas com essa condição frequentemente não buscam ajuda e podem resistir ao tratamento. Além disso, o sucesso do tratamento pode variar dependendo da disposição do indivíduo em participar do processo de mudança. Estima-se que a medida em que o indivíduo for ficando mais velho os comportamentos anti-sociais podem diminuir.

Referência:

Hales, Robert; Yudofsky, Stuart; Gabbard, Glen. Tratado de psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed, 2012.