Autor: Sabrina Sasso Nobre
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Os transtornos alimentares se caracterizam por comportamentos e pensamentos recorrentes em relação a alimentação ou ao ato de comer, que na sua execução, podem causar prejuízo e sofrimento ao indivíduo (físico e/ou psíquico). Algumas classificações de transtornos alimentares são: anorexia, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar.

Anorexia: normalmente ocorre a rejeição ao alimento, que resulta em um peso corporal baixo, normalmente inferior ao peso mínimo esperado. A anorexia leva a restrição alimentar e uma vontade extrema pela magreza, pode também ser acompanhado pelo distúrbio de imagem corporal, ou seja, o indivíduo se vê acima do peso, mesmo não estando. A prevalência da anorexia gira em torno de 8 casos para 100.000 pessoas. Aspectos clínicos comuns na anorexia: diminuição da quantidade e variedade de alimentos, jejuns longos, separar os alimentos no prato, contagem minuciosa de calorias, desconfiança exagerada sobre como os alimentos foram preparados, comer escondido, cuspir a comida, intensa insatisfação corporal, uso de roupas largas, e as vezes isolamento social.
Bulimia nervosa: é caraterizada por episódios de compulsão alimentar, ou seja, a ingestão de alimentos em grande quantidade e em um curto período, o sujeito pode apresentar dificuldade em parar de comer e controlar o que está comendo e ter a sensação de perda de controle sobre o comer. Após a ingestão do alimento pode haver comportamentos compensatórios, que podem incluir: vômito induzido, dietas restritivas, laxantes, jejum, excesso de exercício físico, medicações que induzem a purgação, diuréticos etc. A bulimia não está associada a ingestão excessiva de um alimento específico, por exemplo doces, e sim, vinculada a quantidade e frequência alimentar. A evolução do peso costuma estar normal no início do transtorno com tendencia ao sobrepeso no decorrer do quadro clínico, portanto, o diagnóstico também deve ser considerado em pesos acima do peso. A prevalência da bulimia é 12 casos a cada 100.000 pessoas. Algumas complicações que podem ocorrer no curso da doença: hemorragia nasal, hemorragia conjuntival, inflamações dos lábios, distúrbios hidroeletrolíticos, erosão do esmalte dentário, arritmia, convulsão, entre outros.
Transtorno de compulsão alimentar: é parecido com a bulimia pois tem como o próprio nome diz, uma compulsão pelos alimentos, a diferença é que não existem comportamentos compensatórios, ou seja, só há a compulsão presente. Os sintomas mais comuns incluem a pessoa comer mais rápido que o normal, comer até se sentir cheio, comer grandes quantidades de alimentos mesmo estando sem fome, comer sozinha por vergonha de estar realizando o comportamento, além de se sentir deprimido ou culpado.
TARE- transtorno alimentar restritivo/evitativo: presença de comportamento alimentar de restrição e/ou evitação grave que gera muito estresse para o individuo; presença de baixo peso. Não há preocupação com a imagem corporal, a restrição alimentar se dá devido a um desinteresse pela comida ou evitação devido ao medo de comer, ou ainda, devido a aspectos sensoriais, ou seja, o indivíduo é extremamente sensível a características do alimento como sabor, cheiro etc.
PICA: ingestão de substâncias não nutritivas como terra, papel, madeira. Esse transtorno normalmente está associado a comorbidades psiquiátricas como dificuldade intelectual ou ansiedade de separação.
Transtorno de ruminação: presença de episódios de regurgitação do alimento durante ou após a refeição. Os indivíduos acometidos indicam preocupação com o corpo e peso, sensação de prazer e alívio da ansiedade após regurgitar.
Os índices de mortalidade nesses transtornos são elevados, principalmente em anorexia, por isso, saber reconhecer adequadamente os sinais e sintomas é de extrema importância. Para o tratamento desses transtornos é feito a estabilização do estado nutricional, peso e alimentação, a identificação e resolução de fatores psicossociais, correção dos pensamentos disfuncionais e prevenção de recaídas. O acompanhamento é feito de forma multiprofissional com a ajuda de um psicólogo, nutricionista e psiquiatra.

Finger, Igor; Oliveira, Margareth. A prática da terapia cognitivo-comportamental nos transtornos alimentares e obesidade. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2016.
Rangé, Bernard. Psicoterapias cognitivos-comportamentais: Um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Appolinario, José Carlos; Nunes, Maria Angélica; Athanássios Cordás, Táki. Transtornos alimentares: diagnóstico e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2022.