Autor: Sabrina Sasso Nobre
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O autocriticismo é um processo psicológico caracterizado por uma forma punitiva hostil e crítica de uma pessoa se relacionar consigo mesmo e com as próprias limitações e vulnerabilidades. Os indivíduos com elevados níveis de autocrítica tendem a hipergeneralizar suas falhas ao ponto de gerar um estado emocional negativo. 

O autocriticismo ativa o nosso sistema de ameaça e proteção, que detecta ameaças e desperta nosso corpo para correr/lutar ou inibe, paralisando. Se refere a um sistema evolutivo protetivo que funciona bem quando enfrentamos problemas externos como um assalto, um animal perigoso etc. Porém, hoje em dia, não nos deparamos somente com ameaças externas, me arrisco a dizer que, em nosso dia a dia a maioria dos perigos possíveis que vivenciamos ameaçam a nossa autopercepção ou autoimagem (medo de errar, medo da rejeição etc.). 

Quando os eventos não ocorrem como esperado e a pessoa se sente ameaçada, o sistema de ameaça e proteção é ativado e assim a amígdala (localizada no encéfalo e responsável pela detecção de perigo) é acionada, cortisol e adrenalina são liberados possibilitando que seja possível fugir/lutar ou congelar. No entanto nosso corpo não diferencia as ameaças externas das que afetam nossa autopercepção, e nosso cérebro prioriza as coisas que geram uma ameaça do que as que geram prazer, logo, a autocritica excessiva gera afeto negativo (desprezo, vergonha e raiva) e se torna um problema quando a pessoa não possui recursos suficientes para manejá-la, provocando estresse físico e mental e quando crônica pode levar a crises de ansiedade e depressão.

Referência:
PROCOGNITIVA Programa de atualização em Terapia Cognitivo-Comportamental: Ciclo 8/organizado pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas; Organizadores, Carmem Beatriz Neufeld, Eliane Mary de Oliveira Falcone, Bernard Rangé. – Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2021.