Autor: Sabrina Sasso Nobre
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A capacidade de empatizar com as emoções dos outros nos leva a reagir ao estresse que eles estão sentindo. Por exemplo, ao ver alguém chorando, podemos ser compelidos a nos aproximar e colocar a mão sobre o ombro da pessoa ou até mesmo abraçá-la. Esse comportamento é conhecido como afago afiliativo, que se refere a gestos de proximidade e carinho, como abraços, toques gentis, sorrisos e olhares. Essas ações promovem a criação e a manutenção de laços emocionais.

Muitas espécies, como pássaros e roedores, exibem esses comportamentos, sugerindo que se trata de uma estratégia evolutiva importante para garantir a consonância social, essencial para a sobrevivência da espécie. Esses gestos fortalecem os relacionamentos, reduzem o desconforto e oferecem segurança emocional, sendo fundamentais para o bem-estar psicológico. De acordo com a teoria de Maslow, a necessidade de conexões significativas é uma das bases para a convivência humana, essencial para uma vida social saudável. Quanto mais desenvolvida for a interação social de uma pessoa, menor será sua vulnerabilidade a transtornos como ansiedade e depressão, salientando a importância dos afagos para as relações interpessoais.

No entanto, em diversas condições psiquiátricas, pode ocorrer um embotamento da capacidade de expressar ou responder a afagos afiliativos. Algumas das principais condições associadas incluem:

Transtorno do Espectro Autista (TEA): Indivíduos com TEA podem apresentar dificuldades em perceber e interpretar expressões sociais e emocionais, afetando sua capacidade de iniciar ou responder a afagos.

Depressão: A depressão pode levar a uma diminuição da motivação para interagir socialmente, bem como à incapacidade de sentir prazer ou conexão com os outros, resultando em afastamento social e embotamento emocional.

Transtornos de Ansiedade: Pessoas com transtornos de ansiedade podem evitar interações sociais ou ter um medo exacerbado de julgamentos, levando a comportamentos mais reservados e a um embotamento nas respostas emocionais.

Esquizofrenia: Em alguns casos, a esquizofrenia e outros transtornos psicóticos podem afetar a capacidade de formar e manter relacionamentos sociais, resultando em diminuição das respostas a interações afetivas.

Transtornos de Personalidade: Transtornos como o de personalidade esquizoide ou borderline podem dificultar a conexão emocional com os outros.

O embotamento na receptividade aos afagos afiliativos pode comprometer a formação de relacionamentos saudáveis e aumentar o isolamento social em pessoas com transtornos mentais. Nesse contexto, a psicoterapia e intervenções psicossociais podem ser eficazes no aprimoramento das habilidades emocionais e sociais, promovendo reconexões significativas.

O tratamento deve estar de acordo com a condição subjacente e realizado por uma equipe multidisciplinar. A avaliação psiquiátrica e psicológica é essencial para a elaboração de um plano psicoterapêutico eficaz, visando restaurar a capacidade de empatizar e interagir emocionalmente com os outros, e, assim, melhorar a qualidade de vida do indivíduo. Além disso, o suporte social e a criação de um ambiente acolhedor são fundamentais para facilitar a recuperação emocional e social.

Referências:

Marques, José. O que é afago? E por que essa forma de carinho é tão importante? Disponível em: https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/o-que-e-afago-e-por-que-essa-forma-de-carinho-e-tao-importante/#:~:text=Afago%20%C3%A9%20a%20maneira%20de,as%20pessoas%20%C3%A0%20nossa%20volta. 2019.

Brito, Katia. Embotamento afetivo: o que é e como superar? Disponível em: https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/embotamenteo-afetivo/ 2017.