Autor: Sabrina Sasso Nobre
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A timidez e a ansiedade social são frequentemente confundidas, mas, apesar de suas semelhanças superficiais, elas representam fenômenos distintos com implicações diferentes no funcionamento do individuo.

A timidez pode ser entendida como uma resposta normal ao ambiente social, caracterizada por um padrão de inibição e desconforto em situações em que a interação social é esperada. Ela também pode ser vista como uma característica da personalidade que varia em intensidade de um indivíduo para outro. Por exemplo, para algumas pessoas, a timidez pode ser leve e não afetar significativamente a funcionalidade; para outras, pode levar a dificuldades em interações sociais e relacionamentos, às vezes, levando a comportamentos patológicos de esquiva.

A timidez é uma característica comum, especialmente em pessoas introvertidas, e não indica um transtorno. Trata-se de um desconforto ou vergonha em interações sociais, gerando ansiedade e, às vezes, sintomas físicos. Esse receio do julgamento alheio faz com que indivíduos tímidos evitem diálogos e se tornem mais reservados. Embora seja frequente em certas fases da vida, como na adolescência, geralmente não compromete o funcionamento cotidiano. Com o tempo e o aumento da intimidade, a timidez tende a ser superada, permitindo uma maior confiança nas interações sociais. Muitas vezes a timidez pode estar ligada a crenças e pensamentos limitantes sobre si mesmo e sobre os outros, no entanto, esses pensamentos não precisam estar necessariamente relacionados a um medo intenso ou persistente.

A ansiedade social, por outro lado, é um transtorno psicológico mais complexo que envolve um medo intenso e persistente de ser avaliado negativamente em situações sociais. Essa condição se manifesta com sintomas físicos (como sudorese, tremores e taquicardia) e sintomas emocionais, como o pânico e crises intensas de ansiedade, estes sintomas podem levar a pessoa acometida a adotar comportamentos de esquiva, como evitar interações sociais.

O transtorno de ansiedade social, caracteriza-se pelo medo intenso de situações sociais, nos quais o indivíduo teme ser julgado negativamente por demonstrar ansiedade. Esse receio está ligado à exposição, ao medo de cometer erros, ser observado, interagir com estranhos, ser o centro das atenções ou realizar atividades em público, como comer, escrever ou falar ao telefone. Antes, durante e após essas situações, podem surgir sintomas físicos e intensa autocrítica. Indivíduos com TAS tendem a enxergar interações de forma negativa, baseando-se em julgamentos externos e altos padrões de exigência. Além disso, desenvolvem comportamentos de segurança e evitativos para minimizar a exposição a essas interações, dificultando sua adaptação social.

A ansiedade social pode ser resultante de um padrão de pensamentos disfuncionais que distorcem a percepção do indivíduo sobre o que pode ocorrer numa situação social. Essas distorções incluem um foco excessivo na autoavaliação negativa e uma hipervigilância ao comportamento dos outros.

Entendendo as diferenças entre timidez e ansiedade social:

 

Intensidade e Impacto:

  • A timidez pode ser incômoda, mas geralmente não se traduz em uma evitação significativa de situações sociais. Indivíduos tímidos podem ser capazes de socializar, ainda que com desconforto.
  • A ansiedade social, por sua vez, pode levar à evitação extrema de interações sociais, comprometendo a vida pessoal, profissional e acadêmica do indivíduo.

Crenças e Pensamentos:

  • Os pensamentos de uma pessoa tímida podem ser menos disfuncionais e mais relacionados ao reconhecimento de sua inibição social.
  • Indivíduos com ansiedade social frequentemente têm crenças distorcidas que contribuem para um ciclo de medo e comportamento de evitação, como o pensamento de que devem ser perfeitos em interações sociais.

Reatividade Emocional:

  • A timidez pode ser experimentada como uma resposta emocional a situações novas ou desconhecidas, mas a intensidade emocional pode ser moderada.
  • A ansiedade social é frequentemente acompanhada por uma reatividade emocional intensa, manifestando-se em sintomas como ataques de pânico ou depressão.

Embora a timidez e a ansiedade social compartilhem características comuns, é fundamental diferenciá-las para um diagnóstico e tratamento adequados. Entender essas nuances exige não apenas uma consideração das teorias cognitivas, mas também uma visão integrada da neurociência e de abordagens emocionais. Reconhecer se uma pessoa está lidando com a timidez ou com a ansiedade social pode influenciar as estratégias de intervenção e o suporte que ela receberá, promovendo um caminho mais adequado para a gestão de suas experiencias sociais e emocionais.

Referências:

Timidez x Fobia Social: As diferenças entre a timidez excessiva e a fobia social / Débora Dayanne de França [et al]. Recife: O Autor, 2022.

TEIXEIRA, Michelle. Fobia Social. 2023. Disponível em: https://dramichelleteixeira.com.br/fobia-social-3/.