Autor: Sabrina Sasso Nobre
Últimos posts por Autor: Sabrina Sasso Nobre (exibir todos)

No cotidiano clínico nos deparamos com diferentes sintomas e formas de experienciar a vida, a avaliação do processo como o sujeito experimenta as suas vivências nos diz muito sobre como as emoções atuam, pois, a maneira como o indivíduo vivencia as experiências, sinalizam em que consiste as dificuldades e se os problemas experimentados estão acessíveis para que a intervenção psicoterapêutica ocorra. A seguir será abordado como as experiências emocionais afetam o funcionamento no cotidiano.

O estresse, por exemplo, é um dos problemas mais significativos, pois, é produzido quando não conseguimos nos ajustar ou mudar as relações com o entorno. Quando as emoções não alcançam suas metas adaptativas, os estímulos produzidos, geram uma sobrecarga no organismo, a pessoa pode sentir-se incapaz de fazer determinadas tarefas e definir seus próprios limites, nessas situações, é importante reconhecer e mudar a origem do estresse, como por exemplo, mudar o estilo de vida, relações interpessoais a maneira como se relaciona com o trabalho.

Muitas vezes as pessoas podem tentar evitar suas emoções porque possuem dificuldade para regular intensidade ou mesmo, medo de sentir. Porém, isso pode fazer com que prolongue mais o sofrimento, adiando as mudanças necessárias que permitiriam uma vida mais funcional. A psicoterapia colabora, com o desenvolvimento, da percepção da forma como cada um evita suas emoções, ajudando a reconhecer, aprender a sentir, não esquivar das emoções e regular a intensidade delas.

As pessoas buscam manter um estado de equilíbrio na troca com o meio, e é este processo de equilibração (Piaget, 1978) que possibilita, através da experiência, a construção do conhecimento, que tem como base as referências históricas de cada um, que se retroalimentam continuamente através das vivências. Uma experiência nunca é igual a outra, porque todo ser humano é dinâmico e ativo no jogo da vida. No entanto, os desequilíbrios são constantes no decorrer da vida e tomamos consciência deles quando são intensos emocionalmente, na busca de reequilibrar-se vamos nos reorganizando, construindo novas explicações ou ajustando as existentes (Piaget, 1978).

Conferimos uma explicação pessoal às situações que vivenciamos, e é através da atribuição de sentido e significado que concedemos um selo único e singular para cada experiência, portando, podemos dizer que o mundo não é movido pelas coisas, mas sim pela visão que temos delas.

Segundo Greenberg e Paivio (2000), há 4 fatores que são considerados problemáticos na construção de significados e podem gerar disfunções emocionais:

  1. A ativação da construção de significados disfuncionais baseados em metas e necessidades, que são concebidas, como não podendo ser alcançada.
  2. As reações disfuncionais das pessoas ao pensar, de forma automática, que as necessidades não irão satisfazer;
  3. Avaliações negativas sobre si mesmo, assim como os sentimentos e desejos primários;
  4. Sequências problemáticas de sentimentos, pensamentos, avaliações e atribuições.

Esses 4 processos influenciam fortemente na construção de significados e reações emocionais. As emoções podem ser pensadas como respostas que surgem quando avaliamos as situações como relevantes, algo que nos interessamos. Elas podem ser entendidas, portanto, como um sistema de satisfação de interesses.

Desequilíbrios ocorrem na nossa vida, e a maneira como vamos construir ou ajustar as explicações para estes eventos é única e singular. Lembre-se sempre, junto as suas emoções encontram-se ideias, pensamentos, referênciashistóricas que alimentam os sentimentos, e estes agem como um mapa, no entanto você sempre tem escolha, você pode tornar a experiência vivenciada pior ou melhor. Se quiser regular a intensidade das suas emoções, pode ser útil considerar formas alternativas de pensar sobre o que aconteceu e se não conseguir fazer isto sozinho procure ajuda de um psicólogo.

Referência:

Piaget, J. (1978). La equilibración de las estructuras cognitivas. Problema central del

desarrollo. Madrid: Siglo XXI.

Greenberg; Paivio (2000). Trabajar com las emociones en psicoterapia. Barcelona:

Paidós.