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A teoria da preparação de Seligman é uma faceta da teoria da aprendizagem que se concentra na hipótese de que humanos e outros animais possuem predisposições biológicas para aprender certos tipos de associações de maneira mais fácil do que outros, fundamentadas na evolução e na sobrevivência. Martin Seligman, psicólogo norte-americano, é reconhecido por suas contribuições à psicologia positiva, sendo que seu trabalho anterior inclui pesquisas a respeito de aprendizagem e condicionamento.
A teoria foi originada no contexto da pesquisa com animais, particularmente em estudos sobre condicionamento aversivo. Seligman observou que alguns animais pareciam aprender certas associações mais prontamente do que outras, levando-o a formular a ideia de que a predisposição biológica desempenha um papel crucial na aprendizagem.
Esta teoria sugere que tanto seres humanos quanto animais possuem uma predisposição inata para associar certos estímulos e respostas, devido à evolução e adaptação ao ambiente. Essas predisposições podem influenciar a rapidez e facilidade com que aprendemos determinadas associações.
Seligman conduziu experimentos com cães para evidenciar a teoria da preparação, descobrindo que os cães pareciam aprender certas associações, como o condicionamento aversivo, de forma mais ágil quando estas estavam alinhadas com suas predisposições naturais. Essa pesquisa sugere que a evolução pode ter moldado as capacidades de aprendizado de maneiras específicas.
A teoria da preparação também sugere que algumas associações são mais propensas a serem aprendidas devido à sua consonância com as necessidades de sobrevivência da espécie ao longo da evolução. Seligman argumenta que ao longo da evolução, os seres humanos desenvolveram predisposições inatas para associar certos estímulos a ameaças devido a experiências passadas que foram adaptativas para a sobrevivência. Por exemplo, é mais fácil para os seres humanos desenvolverem medo de aranhas e cobras do que de objetos modernos como carros ou computadores, pois ao longo da evolução, o encontro com aranhas e cobras poderia representar uma ameaça maior à sobrevivência.
No contexto das fobias, a teoria da preparação sugere que algumas fobias podem ser mais facilmente aprendidas porque estão mais alinhadas com as predisposições inatas que os humanos têm para associar certos estímulos a situações ameaçadoras. Por exemplo, o medo de alturas, de cobras ou de insetos pode ser mais facilmente adquirido devido a essas predisposições.
Segundo esta hipótese o organismo seria preparado para associar ou aprender facilmente a relação entre certos estímulos, como nos quadros de fobia, onde encontramos seletividade, fácil aquisição, resistência à extinção e irracionalidade. Fobias são medos intensos e irracionais em relação a objetos, situações ou atividades específicas. Vamos analisar alguns exemplos de fobias e como elas se relacionam com a teoria da preparação:
Fobia de cobras:
- Teoria da Preparação: Ao longo da evolução, os seres humanos podem ter desenvolvido uma predisposição biológica para temer cobras devido ao perigo potencial que representavam em ambientes naturais.
- Exemplo: Imagine ancestrais humanos em ambientes selvagens, onde cobras venenosas eram uma ameaça real. Aqueles que rapidamente associaram o medo de cobras poderiam ter tido uma maior chance de sobrevivência.
Fobia de altura:
- Teoria da Preparação: Uma predisposição para temer alturas pode ser explicada pela necessidade de evitar quedas perigosas, o que poderia resultar em lesões graves ou morte.
- Exemplo: Ao longo da evolução, organismos que eram cautelosos em relação a alturas teriam uma vantagem adaptativa, evitando riscos que poderiam prejudicar sua sobrevivência.
Fobia de aranhas:
- Teoria da Preparação: Pode haver uma predisposição biológica para temer aranhas devido a possíveis experiências negativas ou perigos associados a picadas venenosas.
- Exemplo: Aqueles que rapidamente desenvolveram um medo de aranhas podem ter evitado encontros prejudiciais com aracnídeos venenosos, aumentando suas chances de sobrevivência.
Esses exemplos ilustram como a Teoria da Preparação pode ser aplicada às fobias, sugerindo que algumas associações aversivas podem ser aprendidas mais facilmente devido a predisposições biológicas moldadas pela evolução. Essa compreensão pode ser útil em abordagens terapêuticas, como a exposição gradual a situações temidas, visando dessensibilizar a resposta emocional associada à fobia. Ressalta-se que, embora a teoria da preparação contribua para a compreensão da aprendizagem e do condicionamento, ela não abrange todos os aspectos do comportamento humano e animal, sendo importante considerar outras teorias e abordagens na psicologia, como a teoria da aprendizagem por condicionamento, por exemplo, que se concentra na associação direta entre estímulos e respostas emocionais.
REFERÊNCIAS
Teoria da preparação de Seligman: explicando fobias. Disponível em https://maestrovirtuale.com/teoria-da-preparacao-de-seligman-explicando-fobias/?expand_article=1
Kahneman, D. (2012). Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva.
Seligman, M. E. P. (1998). Learned Optimism: How to Change Your Mind and Your Life. New York: Vintage Books.
Domjan, M. (2014). The Principles of Learning and Behavior. Belmont: Cengage Learning.
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