Autor: Sabrina Sasso Nobre
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Buscar ajuda de outras pessoas quando necessário é fundamental para a sobrevivência humana. No entanto, em alguns casos, a dependência assume um papel patológico que atrapalha, dificultando a construção da autopercepção e afetando a interação social. O transtorno que pode levar alguém a renunciar a sua autonomia é conhecido como Transtorno de Personalidade Dependente.

Neste transtorno, há uma necessidade constante de apoio, opinião, estimulação e proteção por parte de terceiros. Indivíduos afetados por essa condição experimentam altos níveis de ansiedade ao enfrentar decisões sozinhos ou ao temer possíveis rejeições em suas atividades. Para lidar com essa ansiedade, costumam buscar reafirmação e apoio externo.

Sentimentos de desamparo são frequentes, manifestados em perguntas cotidianas como “o que devo vestir hoje?”, “a que horas devo comparecer ao compromisso?” ou “o que devo comer no café da manhã?”. A aprovação social desempenha um papel crucial, contribuindo para o senso de valor e aceitação pessoal. Características centrais do transtorno incluem a sensação de ineficácia pessoal e uma visão de mundo percebida como ameaçadora, onde a pessoa se sente vulnerável e identifica riscos ao seu redor, muitas vezes pensando: “se eu tiver o apoio e a proteção dos outros, então poderei me sentir seguro”.

Devido à inibição e à sensação de desamparo, indivíduos com esse transtorno frequentemente têm medo de ser assertivos, possibilitando que pessoas mais controladoras definam seu comportamento diário. Isso pode comprometer a construção saudável da autoestima. A prevalência do transtorno situa-se entre 0,4% e 1,5% na população em geral, e muitos indivíduos afetados se veem como incompetentes, ineficazes e vulneráveis.

O tratamento, frequentemente envolvendo psicoterapia, busca auxiliar com técnicas de habilidades sociais, modificação de crenças e padrões de interação social, além de estimular a autonomia de pensamento e comportamento. O objetivo é equilibrar o desejo de dependência com a expectativa de autonomia, promovendo uma atitude mais adaptativa e saudável.

Referencias:

Beck, A; Davis, D; Freeman, A. Terapia Cognitiva dos Transtornos da Personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2017.