Autor: Sabrina Sasso Nobre
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A personalidade é uma palavra que frequentemente desperta o fascínio das pessoas e pode ser entendida de várias formas. No entanto, mesmo no senso comum, a personalidade geralmente se enquadra em um dos dois tópicos que abordam a habilidade social do indivíduo ou a característica que mais se destaca. No âmbito da psicologia, a personalidade é um conceito multifacetado e complexo, amplamente estudado por diferentes teorias e abordagens.

Em termos gerais, a personalidade pode ser descrita como os padrões persistentes de pensamento, sentimentos e comportamentos que caracterizam uma pessoa ao longo do tempo e em diferentes situações. Ela é aquilo que torna um indivíduo singular e influência como ele interage com o seu entorno. A personalidade inclui uma variedade de traços, como tendências emocionais, padrões de pensamento, preferências sociais e comportamentos consistentes.

Compreender a formação e o desenvolvimento da personalidade é fundamental para a psicologia, pois isso nos permite entender melhor como as pessoas pensam, sentem e se comportam. Uma das abordagens que busca explorar esse fenômeno é a Terapia Cognitiva Focada em Esquemas (TCFE), que sustenta a ideia de que as pessoas desenvolvem “esquemas” ao longo da vida que influenciam a maneira como percebem o mundo, interpretam experiências e se comportam, além disso, oferece uma perspectiva sobre como os transtornos de personalidade se desenvolvem e são mantidos ao longo da vida adulta.

De acordo com a Terapia Cognitiva Focada em Esquemas, os transtornos de personalidade surgem como resultado da formação e ativação de esquemas disfuncionais durante a infância e a adolescência. Esses esquemas são padrões profundamente enraizados de pensamento e crenças que se desenvolvem a partir de experiências emocionais significativas, como traumas, abusos, negligências ou padrões familiares disfuncionais.

Quando esses esquemas disfuncionais são ativados por eventos ou situações específicas na vida adulta, eles desencadeiam respostas emocionais intensas e comportamentos mal adaptativos. Por exemplo, uma pessoa com um esquema de abandono pode interpretar erroneamente um pequeno sinal de distância de um amigo como rejeição, levando a uma reação exagerada de medo e raiva.

Esse ciclo vicioso de funcionamento disfuncional, onde os esquemas disfuncionais são ativados, levando a pensamentos automáticos negativos e comportamentos mal adaptativos, perpetua os transtornos de personalidade ao longo da vida adulta. A rigidez cognitiva e emocional associada aos esquemas torna difícil desafiá-los e mudar padrões de pensamento e comportamento mal adaptativos, o que contribui para a manutenção dos transtornos de personalidade.

Portanto, segundo a TCFE, os transtornos de personalidade se desenvolvem a partir da interação entre a formação precoce de esquemas disfuncionais e a ativação desses esquemas ao longo da vida adulta, resultando em ciclos viciosos de funcionamento disfuncional que perpetuam os transtornos de personalidade.

O tratamento envolve identificar e desafiar esses esquemas disfuncionais para promover mudanças positivas na personalidade e no bem-estar emocional do indivíduo.

 

Referência:

Wainer, Ricardo. Terapia Cognitiva Focada em Esquemas. Porto Alegre: Artmed, 2016.