Autor: Sabrina Sasso Nobre
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O pensamento mágico é uma distorção cognitiva na qual uma pessoa acredita que suas ações, pensamentos ou objetos têm o poder de influenciar eventos de uma maneira não alinhada com a lógica ou a realidade objetiva. Essa condição pode se manifestar como um medo irracional de realizar certos atos ou ter determinados pensamentos. Segundo Dalgalarrondo (2019), essa distorção pressupõe que uma relação puramente subjetiva de ideias corresponda a uma associação objetiva de fatos. Por exemplo, ao ver um carro batido pela manhã, pode-se concluir irracionalmente que um ente querido irá morrer atropelado nos próximos dias. Embora mais comum entre crianças, o pensamento mágico também pode ocorrer em alguns transtornos de personalidade ou quadros obsessivo-compulsivos.

Indivíduos com pensamento mágico podem acreditar em coincidências significativas, superstições ou poderes sobrenaturais, criando um estado mental no qual se acredita influenciar a realidade na qual vivem, o que pode ser reconfortante para alguns. Características comuns do pensamento mágico incluem:

  • Associatividade: a tendência de associar eventos aparentemente não relacionados entre si.
  • Controle ilusório: a crença de que certos comportamentos podem influenciar eventos externos, mesmo sem evidência racional.
  • Sobrenaturalismo: a aceitação de explicações sobrenaturais para eventos naturais.
  • Simbolismo: a atribuição de significados especiais a objetos, números ou símbolos.

Embora presente em várias culturas e contextos sociais, o pensamento mágico pode interferir na tomada de decisões racionais e na compreensão precisa do mundo ao redor. No entanto, em certos casos, pode servir como uma ferramenta psicológica para lidar com o estresse, fornecendo uma sensação de controle em situações incertas. Quando esse padrão cognitivo interfere no funcionamento diário ou leva a comportamentos prejudiciais, intervenções psicoterapêuticas podem ajudar a pessoa a identificar e desafiar crenças irracionais e distorcidas.

Referencias:

Ogden, Thomas H., François, Alain, & Muszkat, Susana. (2012). Sobre três formas de pensar: o pensamento mágico, o pensamento onírico e o pensamento transformativo. Revista Brasileira de Psicanálise, 46(2), 193-214.  http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-641X2012000200016&lng=pt&tlng=pt.

Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos transtornos mentais (3ª edição). Porto Alegre: Artmed, 2019.